Intervenção Terapêutica na Água
— O objectivo de quem trabalha com crianças com deficiência é proporcionar novas aptidões e sensações, contribuindo deste modo para o aumento do conhecimento que a criança tem de si própria e do meio envolvente. Quando há incapacidade do movimento activo e portanto do brincar, vai haver dificuldade nessa aprendizagem e isso traduz-se num desenvolvimento psicomotor pouco harmonioso. As actividades na água podem assim ajudar a criança a descobrir o seu corpo como um todo, a melhorar a qualidade do seu movimento e a compreendê-lo, o que é muito importante para o seu desenvolvimento global.
—Através das propriedades da água (temperatura, impulsão, turbulência, densidade, pressão hidrostática, etc.), o movimento é facilitado dando à criança uma autonomia dentro de água que ela desconhece em terra. A criança vai ter que realizar ajustes posturais constantes, devido à turbulência da água e aprender a compensar as assimetrias e diferenças de densidade do seu corpo com uma mobilidade constante, para não perder o equilíbrio. É importante o papel de outras propriedades da água como a impulsão (pelo suporte dado ao corpo que experimenta uma diminuição de peso quando submerso) e a temperatura (pela diminuição da dor e tensão muscular) facilitando, entre outros efeitos, o relaxamento, o aumento das amplitudes articulares e da força muscular.
—Ajudas e dispositivos necessários em terra, na água são dispensados, resultando na melhoria do comportamento motor e social da criança, conduzindo à alegria e prazer na recente descoberta e aprendizagem de novos movimentos e diferentes formas de utilizar o corpo.
—O controle da respiração é outro factor essencial em todas as actividades, contribuindo para a sensação de segurança da qual resulta uma melhor adaptação ao meio aquático. Nas patologias mais graves, o controle da respiração ajuda no aumento do controle da cabeça e da coordenação óculo motora.
—Outro aspecto muito importante é o contacto visual e físico terapeuta/ criança como elementos securizantes e facilitadores do movimento.
—Através do jogo e da brincadeira, realizados individualmente ou em grupo, tendo sempre um objectivo terapêutico, o terapeuta favorece uma interacção mais afectiva e ligada ao prazer, reforçando essa relação terapêutica de uma forma positiva numa situação de alegria, descontracção e felicidade.