Comunicar é uma das mais antigas artes de aproximar pessoas, congregar vontades e atingir objectivos. Mas a comunicação veste-se de diferentes formas, de acordo com os meios disponíveis, as linguagens possíveis e os objectivos traçados.

sala pintura

A comunicação pela arte é uma das mais belas formas de expressão. O teatro, a dança, o folclore, a pintura ou a rádio são ingredientes de um importante processo de comunicação, onde cada um assume as suas características individuais, quantas vezes diferentes ou talvez especiais.
É esta diferença, tantas vezes evidente nas pessoas com deficiência, que se pode assumir de uma forma muito positiva, como agente facilitador da afirmação e inclusão numa sociedade globalmente divergente.
A comunicação e a arte assumem, deste modo, um importante papel de mudança de atitude social em relação às pessoas com deficiência.
No Centro de Recuperação Integração de Abrantes as apostas têm crescido ao longo do tempo. A expressão dramática e o teatro do “CRIARTE”, a expressão corporal e as danças clássicas ou o Rancho Folclórico “Quinta das Pinheiras”, a expressão plástica e as exposições de pintura de telas que retratam emoções e, mais recentemente, a expressão oral através da “Rádio CRIA”, são as múltiplas formas de comunicação nascidas no seio da Instituição e que se assumem como canais activos de inclusão na sociedade actual.
No atelier de artes plásticas, um grupo de utentes do Centro de Actividades Ocupacionais, aprendem diferentes técnicas de pintura, sendo o óleo sobre tela uma das mais utilizadas. Os temas de trabalho são escolhidos pelo grupo. Depois, cada um, frente à tela, através de um simples pincel, dá largas à criação e sensibilidade. Executaram, por exemplo, uma tela conjunta em que pintaram o “rosto” da Instituição e retrataram a forma como cada um vê este espaço que é parte integrante do seu quotidiano. Geralmente, executam trabalhos individuais, utilizam as técnicas e os materiais adequados a cada uma das obras que, em comum, têm as cores vivas e o amor que os artistas nelas depositam a cada traço de pincel. As exposições dos trabalhos de pintura percorrem espaços públicos dos concelhos que integram a área de abrangência da Instituição. São telas que retratam afectos e emoções. Os artistas são jovens, todos portadores de deficiência que, pela arte, mostram a sua visão diferente do mundo e as suas capacidades artísticas.
O Rancho Folclórico “Quinta das Pinheiras” estreou em meados de 2006. Integra sete pares de dançarinos, portadores de deficiência, à excepção das duas monitoras responsáveis pela criação do Grupo, que nasceu no Centro de Actividades Ocupacionais.
Os jovens dançarinos também colaboraram na confecção dos seus próprios trajes, em que cada um desempenhou as funções que melhor se adaptavam à sua capacidade de trabalho. Colaboraram também na criação da bandeira do Rancho, que integra as cores e o símbolo da Instituição, bem como um par de dançarinos. No percurso artístico contam com diversas actuações em festas populares, festivais de folclore e eventos da região. A socialização e a valorização das capacidades individuais de cada participante do Rancho são os objectivos desta aposta cultural.
A criação de um programa de rádio, em circuito interno, na Instituição, foi a mais uma aposta de comunicação. Nascida em Setembro de 2006, a rádio tem como principal objectivo dinamizar o tempo de lazer no período após o almoço. O programa é feito em directo, com músicas pedidas pelos utentes, notícias da Instituição e locução de formandos ou utentes. Aos responsáveis do projecto, transversal às diferentes valências, cabe a responsabilizar de organizar todo o trabalho e garantir o seu funcionamento.
Todas estas diferentes formas de comunicar com a diferença, são formas de ultrapassar a discriminação e os preconceitos tantas vezes enraizados na sociedade. A integração plena de pessoas com necessidades especiais é um direito.
Comunicar com a diferença é incluir no tecido sócio-cultural, através da arte ou de diversas formas de comunicação com arte, crianças, jovens e adultos portadores de deficiência. Ou será que, pelo contrário, esta é uma forma de incluir a sociedade exterior num mundo de pessoas especiais, diferentes?